ROSANA ALMEIDA
( Bahia – Brasil )
Rosana Batista Almeida é baiana, de Salvador. Desde a pré-adolescência, já escreve poesias e se mostra com preocupações com temas como a solidão, a comunicação entre as pessoas, preservação ambiental e indagações sobre o ser em si. As viagens, com seus pais e irmãs, sempre povoaram sua infância e adolescência. Participa, já na escola secundária, de concurso de poesias, no qual é vencedora. Em 1992 e 1993, é contemplada a ingressar na Universidade Federal da Bahia nos cursos de engenharia civil e psicologia, optando pelo primeiro. Graduada, desenvolve pesquisa na área de meio ambiente, como mestranda, na Universidade Federal de Pernambuco. A partir de 2003, desenvolve trabalhos na área ambiental, na esfera pública. Escreve Artigos Cientificos nesta área, com interface com a Mecanica dos Solos. Em 2014, participa do primeiro concurso literário nacional, sendo classificada com a poesia Voar. Em 2016, classifica-se em Concurso Literário, promovido pela Editora Vivara e participa da Antologia A Poética da Madrugada, da Editora gaúcha Pragmatha. Em 2017, publica em Revistas Literarias Marinatambalo e Mallamargens, sendo, então, em 2018, classificada no Concurso Literario UFG-Campos Catalão, com o poema intitulado Elo. Ainda em 2018, publica, pela editora Pragmatha, o seu primeiro livro de poemas intitulado Circuitos de Solaris, com orelha da ilustre profa. Vera Maria Tietzmann Silva. Em 2020, publica poemas na Revista Quatetê e em Antologias pela editora Pragmatha. Em junho de 2021, participa da Revista Acrobata (on line).
Intervalo.
Procuro nexos, relações coesas para a Vida
Cai sobre meu corpo apenas esta poeira fina
que compõe a pele das coisas
Por vezes, não se vive no corpo,
mas no nevoeiro,
tecido da própria mente.
Passo, passo,
adianto o passo,
mas vejo as mesmas coisas,
sem rituais, nem lógica
De que tanto eles falam?
A realidade cospe autômatos
que saem sublimes em jornais.
Há os que estão em toda parte
e abrigam a sabedoria de tudo.
Repousam sobre corpos ausentes.
Passo, passo, adianto meu passo.
Metamorfoseados, já não estão aqui:
o rio se esqueceu de si
e brinca com pequenos pedriscos e seixos.
Aparição.
À minha mãe.
Aparição com véu branco
me pergunta de que são feitos os dias.
Aguarda-me nas florestas
movendo- se em águas azuis.
Sozinha, voa até a copa das árvores mais altas.
Os pés como nuvens já não os vejo
e seus olhos atravessam comigo as rotas mais longas.
De que são feitos os dias?
Fala-me junto a mim.
As mãos se ligam ao infinito.
Quando chove se une à pele do vento,
tecendo novos caminhos:
tapete dourado para as criaturas na noite.
Repousa sobre grandes rochas macias:
é quando a vejo mais de perto.
E seus cabelos pretos e
sorriso no vazio
eu os coloco sobre meu colo.
Aparição com véu branco.
De que são feitos os dias?
fala-me junto a mim.
Fluido.
As matrizes se decompõem em vitrais.
Arrastam-se pelas paredes,
sem vestes.
Pelo chão, não andam:
adormecem nos cantos das ruas.
As pessoas já não choram
Silenciam sozinhas
Ressentem-se do outro ao lado.
A montanha no Vazio,
O vazio-montanha
Não há muita coisa por perto,
apenas pessoas que não veem.
Sombra.
Não se vive diante da porta da frente,
nem sob luzes e fantasias.
Sem espelhos, diante da aparição de manchas de rostos e corpos
joga diante de cores vibrantes
e ruídos constantes.
Aparente, dissolve-se, à beira do asfalto,
na rua.
Longe dos arquivos e redes de computadores,
vibra a substância.
Não percebe a vista sobre a cidade,
no entanto, titubeia e gira e desce a escadaria azul fosco do Ser.
Alguns brindam, outros fenecem:
Não há presença,
somente cacos de vidro no chão.
Vive-se a anos luz disso tudo,
em camadas ilógicas.
Como formiga se está indo,
a pensar que se constrói alguma coisa.
*
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Página publicada em julho de 2022
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